Thursday, March 29, 2007
Wednesday, March 07, 2007
Agradeço por ser mulher
Agrada-me que digam que sou histérica, porque então posso jogar os pratos na cabeça de quem me causa sofrimento.
Gosto que me chamem de bruxa, porque então posso mudar a direção dos ventos a meu favor.
Gosto que me chamem de demônio, porque posso queimar o leito onde me abusam.
Gosto que me chamem de puta, porque então posso fazer amor com quem me dá vontade.
Gosto que digam que sou frágil, porque me lembram que a união faz a força.
Gosto que digam que sou fofoqueira, porque nada do que é humano me será alheio.
Porém, o que mais agradeço, o que mais me agrada, o que eu mais gosto e o que me faz mais feliz é que me digam que sou louca, porque então nenhuma liberdade me será negada.
Agrada-me saber que meu cérebro é menor que o cérebro do homem, porque então meu cérebro cabe em todos os lugares.
Agrada-me que me digam que careço de lógica, porque então posso criar uma lógica menos fria e mais vital.
Agrada-me que digam que sou vaidosa, porque posso olhar-me no espelho sem me sentir culpada.
Agrada-me que me digam que sou emocional, porque posso chorar e rir à vontade.
Mil e uma vezes a Inquisição me queimou e aprendi a nascer das cinzas.
Prenderam-me em um harém e, enclausurada, não deixei de rir.
Colocaram um cinturão de castidade e adquiri a arte de um serralheiro.
Carreguei fardos de lenha e me fiz forte.
Cobriram-me o rosto com véus e aprendi a olhar sem ser vista.
Os filhos me acordaram à meia-noite e aprendi a manter-me em vigília.
Não me enviaram à Universidade e aprendi a pensar por minha conta.
Transportei cântaros de água e soube manter o equilíbrio.
Extirparam-me o clitóris e aprendi a gozar com todo o corpo.
Passei dias bordando e tecendo e minhas mãos aprenderam a ser mais exatas que as de um cirurgião.
Ceifei o trigo e colhi o milho, porém me roubaram a comida e com fome aprendi a viver.
Sacrificaram- me aos deuses e aos homens, e voltei a viver.
Espancaram-me e perdi os dentes, e voltei a viver.
Assassinaram- me e me ultrajaram, e voltei a viver.
Arrancaram de mim meus filhos e, no pranto, voltei à vida.
Agradeço por ser um animal, porque os homens colocaram em perigo a sobrevivência do planeta.
Agradeço por ser mulher porque o homem não é o centro do universo e sim apenas mais um elo perdido na cadeia da vida.
Agradeço que me digam que sou irracional, porque a razão tem conduzido aos piores atos de barbárie.
Agradeço por não ter inventado a tecnologia, porque ela tem envenenado a água e o ozônio.
Agradeço que me tenham colocado mais perto da natureza, porque nunca estarei só.
Agradeço que me tenham confinado ao lar e a família, porque posso fazer de toda a Terra meu lar e minha família.
Estou feliz que me chamem de dona de casa, porque posso apoderar-me da minha.
Estou feliz de não ser competitiva, porque então serei solidária.
Estou feliz de ser o repouso do guerreiro, porque posso cortar-lhe o cabelo enquanto dorme.
Estou feliz de ter sido excluída do campo de batalha, porque a morte não me é indiferente.
Estou feliz de ter sido excluída do poder porque longe do poder me distancio da ambição e da cobiça.
Estou feliz que me tenham excluído da arte e da ciência, porque as posso inventar de novo.
Com tanta fortaleza acumulada, com tantas habilidades e destrezas aprendidas, mulher, se tentar conseguirá o mundo do avesso.
(Texto de autoria desconhecida. Supõe-se ser de uma sindicalista da Guatemala)
Colaboração na tradução: Lula Ramires
8 de março – Dia Internacional da Mulher - 2007
Agrada-me que digam que sou histérica, porque então posso jogar os pratos na cabeça de quem me causa sofrimento.
Gosto que me chamem de bruxa, porque então posso mudar a direção dos ventos a meu favor.
Gosto que me chamem de demônio, porque posso queimar o leito onde me abusam.
Gosto que me chamem de puta, porque então posso fazer amor com quem me dá vontade.
Gosto que digam que sou frágil, porque me lembram que a união faz a força.
Gosto que digam que sou fofoqueira, porque nada do que é humano me será alheio.
Porém, o que mais agradeço, o que mais me agrada, o que eu mais gosto e o que me faz mais feliz é que me digam que sou louca, porque então nenhuma liberdade me será negada.
Agrada-me saber que meu cérebro é menor que o cérebro do homem, porque então meu cérebro cabe em todos os lugares.
Agrada-me que me digam que careço de lógica, porque então posso criar uma lógica menos fria e mais vital.
Agrada-me que digam que sou vaidosa, porque posso olhar-me no espelho sem me sentir culpada.
Agrada-me que me digam que sou emocional, porque posso chorar e rir à vontade.
Mil e uma vezes a Inquisição me queimou e aprendi a nascer das cinzas.
Prenderam-me em um harém e, enclausurada, não deixei de rir.
Colocaram um cinturão de castidade e adquiri a arte de um serralheiro.
Carreguei fardos de lenha e me fiz forte.
Cobriram-me o rosto com véus e aprendi a olhar sem ser vista.
Os filhos me acordaram à meia-noite e aprendi a manter-me em vigília.
Não me enviaram à Universidade e aprendi a pensar por minha conta.
Transportei cântaros de água e soube manter o equilíbrio.
Extirparam-me o clitóris e aprendi a gozar com todo o corpo.
Passei dias bordando e tecendo e minhas mãos aprenderam a ser mais exatas que as de um cirurgião.
Ceifei o trigo e colhi o milho, porém me roubaram a comida e com fome aprendi a viver.
Sacrificaram- me aos deuses e aos homens, e voltei a viver.
Espancaram-me e perdi os dentes, e voltei a viver.
Assassinaram- me e me ultrajaram, e voltei a viver.
Arrancaram de mim meus filhos e, no pranto, voltei à vida.
Agradeço por ser um animal, porque os homens colocaram em perigo a sobrevivência do planeta.
Agradeço por ser mulher porque o homem não é o centro do universo e sim apenas mais um elo perdido na cadeia da vida.
Agradeço que me digam que sou irracional, porque a razão tem conduzido aos piores atos de barbárie.
Agradeço por não ter inventado a tecnologia, porque ela tem envenenado a água e o ozônio.
Agradeço que me tenham colocado mais perto da natureza, porque nunca estarei só.
Agradeço que me tenham confinado ao lar e a família, porque posso fazer de toda a Terra meu lar e minha família.
Estou feliz que me chamem de dona de casa, porque posso apoderar-me da minha.
Estou feliz de não ser competitiva, porque então serei solidária.
Estou feliz de ser o repouso do guerreiro, porque posso cortar-lhe o cabelo enquanto dorme.
Estou feliz de ter sido excluída do campo de batalha, porque a morte não me é indiferente.
Estou feliz de ter sido excluída do poder porque longe do poder me distancio da ambição e da cobiça.
Estou feliz que me tenham excluído da arte e da ciência, porque as posso inventar de novo.
Com tanta fortaleza acumulada, com tantas habilidades e destrezas aprendidas, mulher, se tentar conseguirá o mundo do avesso.
(Texto de autoria desconhecida. Supõe-se ser de uma sindicalista da Guatemala)
Colaboração na tradução: Lula Ramires
8 de março – Dia Internacional da Mulher - 2007
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